Recebi o conto abaixo de uma grande amiga. Ao lê-lo amei
logo de cara, pois me fez lembrar da minha infância, do quanto gostava de andar
de descalço, brincar com areia. Adorava brincar com espigas de milho, quando
passeava por uma roça de milho me imagina numa enorme loja de perucas e
bonecas. O que seria da vida sem a magia dos contos e as doces e criativas
lembranças da infância. Gratidão minha amiga por esse lindo conto.
A menina do mato
E na solitude ela vivia...bailava na linha de ferro com
dormentes de madeira, o capim alto que beirava a linha férrea, em pequenos
personagens se transformavam. Para ela cada capim que se curvava com o vento
era um fã que a aplaudia, enquanto pelo palco daquela linha férrea ela dançava
e cantarolava. Essa menina do Mato pensava que capim era gente! Ora gente. Ora
boneca. Sim! Muito engraçado se não fosse desgraça da descalçada, mas o capim
também virava boneca nas mãos da menina do Mato que se banhava no mar e morava
num Castelo que ficava na beira do mar. Castelo construído por ela, feito de
areia, decorado com as conchas que só ela via pérolas. A menina do Mato mais
parecia um menino, de tanto piolho que apanhava, vivia de cabelos cortados,
poderia ser moda, mas era mesmo necessidade de se livrar dos bichinhos. Essa
menina do mato era um tanto quanto esquisita, vivia enterrando bichinhos que
segundo ela o mar jogava fora, perdeu a conta de quantas pombas, peixes e afins
passava suas tardes velando com flores aqueles que a própria natureza
sucumbiria, parece loucura, mas era tanto desatino que até uma boneca sem braço
e sem pernas ela enterrou, preferia brincar com os galhos de capim do que com
aquela boneca que parecia sereia. Pra tudo ela dava um nome fantasia e nessa
fantasia ousou até em querer ser paquita. Ohhh!!! Como uma negrinha poderia ser
Paquita talvez se usasse peruca e se pintasse de branco... Quem sabe? Essa
menina do Mato era muito engraçada se não fosse desgraça da descalçada seria
piada!
(Elizângela Puppa)
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