Roteiro de filme de terror: "Era uma prática comum no século XIX, que perdurou até meados do
século XX internar mulheres em sanatórios. Os prontuários dos médicos eram
impressionantes e as justificativas para a internação inverossímeis aos
olhos de hoje: A paciente apresentava grave obsessão por livros, desprezo pela
família, excitação sexual nervosa, recusa em ter filhos. Um dado notável é que
boa parte das pacientes nos sanatórios era mulheres que haviam estudado além do
estipulado para as mocinhas na época, que só aprendiam o suficiente para ler,
escrever e fazer contas. Elas foram além, fizeram o curso normal ou ainda eram
normalistas, dedicavam-se ou não ao magistério, mas eram mulheres com o
intelectual acentuado, com interesses sociais e profissionais, que fugiam à
ideia do casamento e da maternidade como o único destino possível. Foram tantas
mulheres que passaram por isso que os seus nomes só chegaram a nós por meio de
suas tristes histórias, já que todo o impulso delas de independência foi
sufocado pelos familiares, o pai ou o irmão, ou pelo marido, que tinham a
autorização para interná-las mesmo contra a vontade. Quer dizer, eles tinham o
poder de julgar e decidir se suas esposas, irmãs e filhas eram loucas ou não, e
interná-las caso assim desejassem. Do mesmo modo, só eles, ou uma junta médica,
podia tirá-las do sanatório, ou deixá-las para sempre lá, como foi o caso de
muitas".
Infelizmente o texto acima não é nenhum roteiro de filme de
terror, pelo contrário foi uma realidade dura e desumana da qual várias mulheres
tiverem que viver. Muito tempo se passou, muita coisa melhorou, porém ainda
existem situações em que não só as mulheres, mas o ser humano em geral não tem
o direito de ser individuo e pensar fora da caixa.
Ano passado eu mostrei aqui no
Estrambólica o fato que originou esta data internacionalmente comemorada. Para
quem quiser recordar clique aqui na História do 8 de março.
Este ano quero deixar registrado o meu apelo pelo respeito não só pelas
mulheres, mas principalmente pelo ser humano, pois nós somos seres individuais
e únicos e precisamos ter o direito de ser livres para viver e expor nossa individualidade
e dessa forma descobrir e fazer o nosso melhor. Para reforçar minha qualidade
de mulher e individuo publiquei uma foto minha tirada na Casa das Rosas, em São Paulo. Escolhi essa foto pela resistência
e poesia que envolve a Casa e pela delicadeza da Rosa.
Fonte do texto que transcrevi:
http://caras.uol.com.br/canal/nacionais/post/lado-a-lado-drama-de-laura-inspirado-em-fatos-reais-marjorie-estiano-patricia-pillar#image0
Comentários
Parabéns por esse dia. E por esse post.