O Estrambólica Arte
elegeu a Mônicakhalo como sendo a melhor estátua do “Mónica Parede”. Esta escolha
foi feita levando em consideração a linda-triste-conturbada história de vida da
artista Frida Kahlo.
Aproveito para contar esta história e deixar registrado aqui no Estrambólica Arte esta
homenagem à Frida Kahlo, que antes de ser artista foi uma grande guerreira e
exemplo de superação.
Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon foi
uma das personagens mais marcantes da história mexicana. Patriota
declarada, comunista e revolucionária Frida Kahlo, como ficou conhecida, teve
uma vida de superações e sofrimentos que refletidos em sua obra a tornaram uma
das maiores pintoras do século.
Nascida em 6 de julho de 1907 em
Coyoacan, México, filha do famoso fotógrafo judeu-alemão Guillermo Kahlo e de
Matilde Calderon y Gonzales, mestiça, Frida sempre foi apaixonada pela cultura
de seu país e adorava tudo que remetesse às tradições mexicanas. Fato que ela
sempre fazia questão de demonstrar em sua maneira de se vestir e em seu
trabalho ao incluir elementos da cultura popular.
Em seu diário,
publicado em 1995 e traduzido para diversas línguas, e em sua autobiografia
publicada em 1953, Frida deixou registradas suas dores e sobretudo suas
frustrações pela infidelidade do marido, por quem era extremamente apaixonada,
e pela impossibilidade de ter filhos. Toda sua obra, constituída
majoritariamente por auto-retratos reflete essa condição.
Sua
primeira tragédia acontece quando ela tinha seis anos e uma poliomelite a
deixou de cama por vários dias. Como seqüela, Frida fica com um dos pés
atrofiado e uma perna mais fina que a outra. Mas o fato trágico que mudaria sua
vida para sempre aconteceu quando ela tinha dezoito anos.
Frida na
época estudava medicina na primeira turma feminina da escola Preparatória
Nacional. Então, no dia 17 de setembro de 1925, na volta para casa, ela e seu
noivo Alejandro Goméz Arias, sofreram um grave acidente de ônibus que a deixou
a beira da morte. Transpassada por uma barra de ferro pelo abdômen e sofrendo
múltiplas fraturas, inclusive na coluna vertebral Frida levou vários meses para se
recuperar. Ao todo foram necessárias 35 cirurgias e mesmo depois da recuperação
ela teria complicações por causa do acidente pelo resto de sua vida chegando a
relatar : “E a sensação nunca mais me deixou, de que meu corpo carrega em si todas
as chagas do mundo.”
Foi durante o período em que esteve se recuperando que surgiu
a pintora. Sua mãe colocou um espelho sobre sua cama e um cavalete adaptado
para que ela pudesse pintar deitada e Frida fez seu primeiro auto-retrato
dedicado a Alejandro que a havia abandonado: “Auto-retrato com vestido de
Terciopelo”. Sobre sua obstinação em pintar auto-retratos, 55 ao todo,
que representam um terço de toda sua obra ela justificava dizendo: “Pinto
a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”.
Dois anos
depois do acidente Frida leva três de seus quadros a Diego Rivera,
um famoso pintor da época que ela conhecera quando freqüentava a Escola
Preparatória Nacional em 1922, para que os analisasse. Esse encontro resultou
no amor de ambos e na revelação de uma grande artista.
Em 21 de
agosto de 1929 eles se casam, Frida então com 22 anos e Rivera com 43, dando
início a um relacionamento dos mais extravagantes da história da arte. Em 1930
Frida engravida e sofre seu primeiro aborto ficando muito abalada pela
impossibilidade de levar adiante uma gravidez devido a seu estado de saúde
delicado. Sobre essa dor ela confessou: “Pintar completou minha vida. Perdi três
filhos e uma série de outras coisas que teriam preenchido minha vida pavorosa”.
No mesmo
ano, já tendo recuperado sua mobilidade, porém com limitações e tendo que usar frequentemente
um colete de gesso, Frida acompanha Diego em suas viagens aos EUA revelando seu
talento para o resto do mundo e encantando a todos com seu jeito irreverente e
único.
Em 1932
ela sofre seu segundo aborto sendo hospitalizada em Detroit (EUA), e sua mãe
morre de câncer no dia 15 de setembro do mesmo ano. Em 1934 o casal está de
volta ao México, mas Frida sofre novo aborto e tem os dedos do pé direito
amputados. O relacionamento com Rivera piora e ele começa a traí-la com sua
irmã mais nova Cristina. No ano seguinte Frida e Rivera se separam e Frida
conhece o escultor Isamu Noguchi com tem um caso, mas logo ela e Rivera se
reconciliam e voltam a morar juntos no México.
Em 1936
novas cirurgias no pé além de persistentes dores de coluna, um problema de
úlcera, anorexia e ansiedade. Apesar de tudo, em 1937, Frida conhece Leon
Trotski que se refugia em sua casa em Coyoacan junto com a esposa Natalia
Sedova. Trotski foi seu mais famoso caso de amor.
Em 1938,
Friada Kahlo conhece André Breton,
escritor, poeta e famoso teórico do surrealismo, que se encanta por sua obra e lhe apresenta
Julian Levy, colecionador e dono de uma galeria em Nova York, responsável por
organizar a primeira exposição individual de Frida, realizada em 1939.
A
exposição foi sucesso absoluto e ela logo estava realizando exposições em Paris
onde conheceu grandes artistas como Pablo Picasso, Kandinsky, Marcel Duchamp,
Paul Eluard e Max Ernst. Frida foi a primeira pintora mexicana a ter um de seus
quadros expostos no Museu do Louvre, mas foi apenas em 1953, um ano antes de
sua morte, que ela consegue realizar uma exposição de suas obras na Cidade do
México.
Ainda em
1939 Frida e Diego se separam novamente, desta vez oficialmente, mas voltam a
se casar em 8 de dezembro do ano seguinte.
Em 1941
morre Guillermo Kahlo e ela e Diego mudam-se para a “Casa Azul”, hoje um museu
em sua homenagem. Em 1942 ela começa a escrever seu famoso diário onde escreve
sobre todas as suas dores e pensamentos em um emaranhado de textos
propositadamente sobrepostos, cheio de ilustrações e cores.
De 1942 a
1950 Frida é eleita membro do Seminário de Cultura do México, passa a dar aulas
na escola de arte “La Esmeralda”, mas sua saúde cada vez pior a obriga a
lecionar em casa. Com o quadro “Moisés”, Frida ganha o Prêmio Nacional de
Pintura concedido pelo Ministério da Cultura do México. Nesse período ela
também é obrigada a fazer mais de seis cirurgias e usar um colete de ferro que
quase a impede de respirar permanecendo longos períodos no hospital e tendo de
usar uma cadeira de rodas.
Em agosto
de 1953 ela tem sua perna amputada na altura do joelho devido a uma gangrena.
Sobre mais esse duro golpe Frida escreve em seu diário: ''Amputaram-me a
perna há 6 meses, deram-me séculos de tortura e há momentos em que quase perco
a razão. Continuo a querer me matar. O Diego é que me impede de o fazer, pois a
minha vaidade faz-me pensar que sentiria a minha falta. Ele disse-me isso e eu
acreditei. Mas nunca sofri tanto em toda a minha vida. Vou esperar mais um
pouco...''.
No mesmo
diário ela também desenhara uma coluna cercada por espinhos com a legenda: “Pés,
para que os quero se tenho asas para voar.” Revelando a ambiguidade de
seus sentimentos com relação a todo seu sofrimento.
A ideia
da morte parecia algo tranquilizador para Frida que tivera uma vida tão
conturbada e frequentemente ela se refere a isso em seu diário e em sua
autobiografia, porém mais do que nunca ela tenta se agarrar a vida, pois como
ela dizia: “...a tragédia é o mais ridículo que há...” e “...nada
vale mais do que a risada...” .
Mas sua
condição delicada não a impediu de participar, mesmo em uma cadeira de rodas de
uma manifestação contra a intervenção norte-americana na Guatemala em 1954.
Na noite
de 13 de julho daquele mesmo ano Frida Kahlo é encontrada morte em seu leito. A
versão oficial divulgou que ela teve morte por embolia pulmonar,
mas suas últimas palavras em seu diário foram: “Espero a partida com alegria...e
espero nunca mais voltar...Frida”.
Em 2002
foi lançado o filme "Frida" com a atriz Salma Hayeck no papel da
personagem principal e Alfred Molina no papel de diego Rivera. A direção é de
Julie Taymor e o filme recebeu dois Oscar por melhor maquiagem e trilha sonora.
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