Indo mais longe que Platão, Plotino entende que a imitação dos objetos visíveis é um pretexto para a atividade artística, que tem por fim intuir as essências ou ideias. Mais do que atividade produtiva, a Arte, é também um meio de conhecimento da Verdade.
As obras de arte são transitivas. Feita de matéria, é imaterial o que representam; exteriores e sensíveis, possuem significados interior e inteligível. O que importa a Plotino é a Arte como obra do espírito. Os produtos artísticos são signos de uma outra arte, imaterial. Acima da música audível, ondulam harmonias inteligíveis, que o artista deve aprender a ouvir. E assim, a verdadeira Arte, que não se esgota em nenhuma de suas realizações exteriores, identifica-se com o principio espiritual que a todos vivifica e supera. Cada obra é apenas um veio provisório aberto no perene manancial da inteligência e da beleza universais, em que a mente do artista se banha, e onde vai encontrar a musicalidade pura, que precede a alimenta a criação musical sensível.
O acesso à Beleza proporcionado pela Arte, entendida como atividade espiritual, não é diferente do conhecimento intuitivo do ser e da contemplação da realidade absoluta.
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