Segundo Silveira (2004) as quatro liberdades que
caracterizam o software livre são as de uso, cópia, modificações e
redistribuição. Por outro lado, quando se fala em software proprietário
considera-se um modelo de desenvolvimento e distribuição baseado em licenças
restritivas de uso, autoria e propriedade do software.
De acordo com Silveira (2004) o modelo de
software proprietário esconde os algoritmos que o compõem. Apesar de ser
composto por informações agrupadas e de se basear em conhecimentos acumulados
pela humanidade, a indústria de software proprietário se direcionou para tentar
bloquear e evitar que o caminho de seu desenvolvimento fosse semelhante ao
desenvolvimento do conhecimento científico. A ciência cresce a partir do
princípio de compartilhamento, e não a partir da ideia de propriedade. Por ser
essencialmente social, não se aplica ao conhecimento a ideia de apropriação
privada.
Outro ponto que Silveira (2004) destaca é que o
usuário do software proprietário, quando o compra, não sabe que na verdade não
comprou um produto, mas sim uma licença de uso. A propriedade do software
continua com a empresa que o desenvolveu. Este é o modelo econômico de
comercialização do software que se tornou hegemônico. As pessoas que usam
software proprietário na verdade são como locatárias de um imóvel que nunca
será seu.
Por outro lado, segundo Silveira (2004) o
software livre se baseia em um modelo completamente diferente. A liberdade de
usar e desenvolver o programa são a essência do modelo. Roberto Hexsel, da
Universidade Federal do Paraná, descreve muito bem este modelo de utilização e
desenvolvimento da tecnologia da informação:
“Este modo de produção de software tem resultado
em produtos de excelente qualidade e grande penetração em certos nichos do
mercado mundial de software. A característica mais importante do software livre
é a liberdade de uso, cópia, modificações e redistribuição. Esta liberdade é
conferida pelos autores do programa e é efetivada através da distribuição do
código-fonte dos programas, o que os transforma em bens públicos, disponíveis
para utilização por toda a comunidade e da maneira que seja mais conveniente a
cada indivíduo. A liberdade para usar, copiar, modificar e redistribuir
software livre lhe confere uma série enorme de vantagens sobre o software
proprietário. A mais importante delas é a disponibilidade do código-fonte,
porque isto evita que os usuários se tornem reféns de tecnologias
proprietárias. Além desta, as vantagens técnicas são também consideráveis. A
comunidade de desenvolvimento de software livre está espalhada pelo mundo todo
e seus participantes cooperam nos projetos através da Internet. Empresas como
IBM e Hewlet-Packard passaram a investir no desenvolvimento de software a ser
distribuído livremente, bem como em serviços para usuários de software livre”.
Silveira (2004) explica que a licença do software
livre é uma licença não proprietária de uso. O software livre possui um autor
ou vários autores, mas não possui donos. Dessa forma, o usuário do software
livre tem o direito de ser desenvolvedor, caso deseje. Quem o adquire pode
usá-lo para todo e qualquer fim, inclusive tem a permissão de alterá-lo
completamente. Para um software ser efetivamente livre ele deve necessariamente
ter seu código-fonte disponibilizado. A única proibição feita aos seus usuários
é a de torná-lo um software proprietário. A diferença de desenvolvimento entre
o software livre e o proprietário é o modelo de desenho e confecção dos programas.
As empresas de software proprietário trabalham somente com programadores
contratados, assalariados ou terceirizados. Todo o desenvolvimento do software
é interno à empresa. O modelo de código aberto é o modelo colaborativo que
envolve programadores da empresa e todos aqueles interessados no
desenvolvimento daquele software, inclusive voluntários espalhados pelo mundo.
Por isso grande parte dos softwares livres possui sites na web para atrair
desenvolvedores que trabalham coordenadamente pela rede mundial de
computadores.
Eric Raymond, um dos hackers mais respeitados
pela comunidade Open Source denominou
este modelo horizontal e distribuído de produção de software de software como modelo
“bazar” e classificou o modelo proprietário de “catedral”, essencialmente
hierarquizado e não colaborativo.
Silveira (2004) explica que Open Source (software livre) é um software que possui o
código-fonte aberto. Entretanto, é possível que um software de fonte aberta não
assegure as quatro liberdades que caracterizam o software livre. Por isso é
importante distinguir as categorias: software aberto, software gratuito e
software livre. Existem vários softwares gratuitos que são proprietários. O
fato de ser um software distribuído gratuitamente não significa que ele seja
livre. Por exemplo, os programas Real Player, Adobe Acrobat Reader, entre
outros. Atualmente, a Free Software
Foundation tem chamado o software livre de Free Open Source (FOS) que em português significa um programa de
fonte aberta e livre.
De acordo com Silveira (2004) existem diversos
softwares livres que possuem comunidades de desenvolvedores espalhados por
diversos países e com milhares de colaboradores que auxiliam na sua constante
melhoria e correção. Sem dúvida, o software livre mais conhecido é o GNU/Linux,
um sistema operacional robusto e que tem ocupado um espaço cada vez maior
diante do Windows da Microsoft, principal software proprietário do planeta.
CURIOSIDADE: O
nome TUX, do mascote do Linux veio de
"tuxedo",
("smoking"
ou "fraque“).
As
cores
dos pingüins
lembram esse
tipo
de vestimenta. Há quem afirme que o nome também é usado como referência ao
nome de Linus Torvalds com Unix: Torvalds
UniX.
REFERÊNCIAS:
SILVEIRA, Sérgio Amadeu.
Software livre a luta pela liberdade do conhecimento. Editora Fundação Perseu
Abramo.2004.
RAYMOND, Eric S. A catedral e o bazar.
1998.
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