Segundo Polanyi (1966, apud CARVALHO, 2012) e Nonaka e Takeuchi (1997, apud CARVALHO, 2012), o conhecimento é formado por uma estrutura paradoxal, na qual se identifica dois componentes aparentemente opostos: o conhecimento tácito e o conhecimento explícito.
Conhecimento tácito
De acordo com Carvalho (2012), o conhecimento tácito não é um conhecimento palpável, e nem explicável. Esse tipo de conhecimento é profundamente pessoal e por este motivo muito mais difícil de ser compartilhado.
O conhecimento tácito [...] é altamente pessoal e difícil de formalizar, tornando-se de comunicação e compartilhamento dificultoso. As intuições e os palpites subjetivos estão sob a rubrica do conhecimento tácito. O conhecimento tácito está profundamente enraizado nas ações e na experiência corporal do indivíduo, assim como nos ideias que ele incorpora. Nonaka e Takeuchi (2008, p.19, apud CARVALHO, 2012, p. 12)
Para Carvalho (2012), o conhecimento tácito é empírico e prático. Seu contexto é do aqui e agora. Aborda as sensações e emoções do individuo, como também suas crenças, intuições, habilidades e experiência informais, modelos mentais e percepções.
Para Cruz (2002), o conhecimento tácito é aquele que todos nós acumulamos dentro de nós mesmos, ele é fruto do aprendizado, da educação, da cultura e da experiência de vida de cada um. Segundo ele, esse tipo de conhecimento é muito comum em qualquer tipo de organização e considera esse tipo como conhecimento como informal. Por esse motivo um dos grandes desafios que qualquer organização tem é o de coletar, organizar e utilizar esse tipo de conhecimento.
Conhecimento explícito
De acordo com Carvalho (2012), o conhecimento explícito é visível e tangível. É possível entendê-lo como o conhecimento codificado em linguagem que apresenta uma estrutura formal e sistêmica que facilita sua transmissão. Isso confere a esse tipo de conhecimento um caráter mais impessoal.
Esse conhecimento pode ser transmitido por palavras, números, fórmulas, ministrados em aulas e palestras, além de poder ser armazenado e transportado em artigos, manuais, livros, planilhas, banco de dados. Segundo Carvalho (2012) o conhecimento explícito pode ser mensurado, além de ser mais racional e teórico.
Para Cruz (2002), o conhecimento explícito é aquele compartilhado, que é passado a outros para que esses também desenvolvam suas habilidades e possam gerar mais conhecimento e ser passado a outros e assim por diante formando uma cadeia de desenvolvimento científico, cultural, organizacional, emocional, etc. Ele considera este tipo de conhecimento como formal.
Conhecimento tácito e explícito
Para Carvalho (2012) o conhecimento não é só tácito e nem só explícito. O conhecimento é a soma desses dois tipos. O Quadro 1 mostra a diferença entre os dois componentes do conhecimento.
CONHECIMENTO EXPLÍCITO
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CONHECIMENTO TÁCITO
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Objetivo | Subjetivo |
Conhecimento da racionalidade (mente) | Conhecimento da experiência (corpo) |
Conhecimento sequencial (lá e então) | Conhecimento simultâneo (aqui e agora) |
Conhecimento digital (teoria) | Conhecimento análogo (prática) |
Receita de bolo, partitura de música. | Andar de bicicleta, improvisos de jazz. |
Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997, apud CARVALHO, 2012)
Para Cruz (2002), tomando com base um ambiente organizacional tanto o conhecimento tácito quanto o conhecimento explícito podem ser classificados quanto ao seu uso em três distintos grupos:
- Conhecimento Estratégico: O conhecimento estratégico segundo Cruz (2002) serve para avaliar os setores: econômico, político, social, tecnológico, entidades reguladoras, governo, fornecedores, cliente e concorrentes permitindo que qualquer empresa possa tomar decisões de longo prazo, criar cenários, desenvolver estratégias de atuação, definir políticas, criar produtos e definir o modus operandi.
- Conhecimento Operacional: O conhecimento operacional está diretamente ligado à capacidade de realizar o dia-a-dia da empresa. Por meio dele é possível coletar, organizar, documentar e gerenciar processos de negócio, pois segundo Cruz (2002), tudo, absolutamente tudo que se faz em qualquer empresa, em qualquer organização, está inserido num processo de negócio.
- Conhecimento Emocional: um ar mais informal às relações funcionais em qualquer tipo de organização. Segundo Cruz (2002) são convites, notícias sociais, planos de vantagens, comunicados não-oficiais e notícias culturais, porém alguns cuidados devem ser tomados quando a publicação de tais informações. Cruz (2002) considera que é preciso levar em conta aspectos socioeconômicos, culturais, religiosos e políticos que será atingidos por tais conteúdos.
Referências:
- CARVALHO, Fábio. Gestão do Conhecimento. São Paulo: Editora Pearson. 2012.
- CRUZ, Tadeu. Gerência do Conhecimento. São Paulo: Editora Cobra, 2002.
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