Recentemente
o Estrambólica Arte foi conferir a tão falada e balada exposição do Ron Mueck,
na Pinacoteca, de São Paulo. Posso afirmar com toda certeza que vale muito esperar
em média uma hora na fila. Gostei tanto que fui lá duas vezes. Escolhi a
Máscara para ser a ilustração deste post e algumas informações que ajudarão a
descrevê-la.
Nesta
escultura, Ron Mueck retrata seu próprio rosto, ou seja, faz seu autorretrato,
em dimensões ampliadas. O autorretrato é um tema bastante comum na história da
arte, parece quase natural ao homem querer perpetuar sua imagem, basta
lembrarmos o fenômeno atual das selfies:
autorretratos fotográficos tirados com câmera de celular a fim de serem
compartilhadas nas redes sociais. O termo selfie
deriva do inglês self-portrait
(literalmente autorretrato).
Que significados uma máscara pode ter? Para que e em quais situações criamos e usamos máscaras?
Assim
como escolhemos poses e cenários para nossos selfies, podemos nos perguntar por que o artista, ao fazer sua própria
imagem, teria escolhido realizar uma máscara, e não sua figura de corpo
inteiro, como são quase todas as suas obras. Em uma declaração sobre este
trabalho, Mueck disse: “A única maneira
de eu realizar um fragmento seria eu fazer uma máscara, porque uma máscara é
uma coisa inteira em si mesma. Eu não poderia fazer uma cabeça decapitada ou um
meio corpo. Eu tenho de acreditar no objeto como uma coisa completa... Uma
máscara já é completa”. Entretanto, a máscara é uma produção humana
ancestral e se insere na história de representação como objeto ritualístico ou
teatral. Sua função é simular um outro, seja uma entidade do mundo espiritual
ou um personagem.
Confesso
que não conhecia o Ron Mueck, daí resolvi fazer uma pesquisa sobre ele na
Wikipédia e estou disponibilizando o resultado que encontrei. Interessante
conhecer um pouco mais sobre ele, porque ajuda a entender todos os mínimos e
máximos detalhes da sua obra “hiper-realista”.
Ron Mueck (Melbourne, 1958) é um escultor australiano hiper-realista que trabalha na Grã-Bretanha.
Cresceu vendo seus pais construírem brinquedos. Sua
mãe fazia bonecos de pano e seu pai brinquedos e marionetes. Segundo relatos
Mueck adquiriu esse perfeccionismo por causa de seu pai, que sempre exigia que
fizesse tudo perfeito, inclusive pedindo para que refizesse.
No início de carreira, foi fabricante de marionetes e modelos
para a televisão e filmes infantis, nomeadamente no filme Labyrinth.
As obras são incrivelmente realistas e se não fosse o tamanho de
suas esculturas certamente seriam fáceis de serem confundidas com pessoas. Ou
são muito grandes ou muito pequenas, jamais do tamanho humano.
Mueck criou a sua própria companhia na Bahia (Brasil),
trabalhando para a indústria de publicidade. Embora altamente detalhados, estes
adereços eram geralmente projetados para serem fotografados de um ângulo
específico. Quando produz bonecos não se preocupa em ser realista, porém com as
suas esculturas busca o máximo de perfeição possível.
Em 1996, Mueck, colaborou com a sua sogra, Paula Rego (Famosa Pintora Portuguesa), para a produção de pequenas
figuras como parte de um quadro que ela estava mostrando na Hayward Gallery.
Rego apresentou-o a Charles
Saatchi, que foi imediatamente
impressionado.
As suas
esculturas reproduzem fielmente os detalhes do corpo humano, mas joga com
escala para produzir desconcertantemente imagens visuais. Com cinco metros de
altura, a escultura Boy 1999 foi exposta na Bienal de Veneza.
Materiais
Em suas obras Ron utiliza resina, fibra de vidro, silicone,
argila. Os cabelos e pelos são colocados um a um. Na obra Dead Dad de 1996, ele
utiliza seu próprio cabelo. Em seu ateliê sempre trabalha em silencio e
sozinho. As esculturas são feitas manualmente, quando muito grandes ele recebe
a ajuda de assistentes. Primeiro são moldadas em argila, depois fundidas em
silicone a partir de um molde, por último, tem cabelos e os olhos implantados,
além de receberem roupas e acessórios. Ron pinta a íris dos olhos a mão e
depois recobre essa pintura com uma esfera de vidro ou resina transparente. Sendo
as camadas de fora da pele mais translúcidas, as esculturas ganham uma textura
parecida com gente de verdade pela penetração de luz nessas camadas de
plástico.
No
Brasil
Em 2014, Rom expôs no Mam, no Rio de Janeiro, levando mais 230
mil pessoas a visitar o museu. Levou nove obras, entre elas três foram feitas
especialmente para a ocasião, que foram o casal de idosos com o guarda-sol de 5
metros, o casal de adolescentes, e a mulher com o bebê.
Em novembro foi a vez da exposição na Pinacoteca de São Paulo
que ficará em cartaz até 22 de fevereiro de 2015.
Todas juntas as obras pesam 7 toneladas e viajam em um avião
cargueiro específico. Para trazer as peças ao Brasil, foram 15 dias de viagem,
fazendo escala em Miami, as peças são divididas em 20 caixas, e avaliadas em R$
77,4 milhões.
Fontes:
Folheto da Exposição
Comentários